“O Bem Maior” é o mosaico (im)perfeito de Timothy Zahn | Resenha

Trilogia completa de “Thrawn Ascendancy” já está disponível para compra através da Universo Geek e Amazon

Banner de “O Bem Maior” (Imagem: Reprodução/Universo Geek)

Banner de “O Bem Maior” (Imagem: Reprodução/Universo Geek)

A saga Star Wars é conhecida por seus capítulos do meio mais sombrios. Em O Império Contra-Ataca, Luke descobre a terrível verdade sobre seu pai, Han é congelado em carbonita e os mocinhos terminam em baixa. O mesmo vale para Os Últimos Jedi, com a morte de Luke Skywalker, a ascensão de Kylo Ren como Líder Supremo e a Resistência levando a pior.

De certa forma, também podemos dizer isso sobre O Bem Maior, segundo livro da trilogia Thrawn Ascendancy (já à venda pela Universo Geek; garanta clicando aqui). Não que, efetivamente, as coisas terminem de maneira ruim para Thrawn e a Ascendência Chiss. A ligação está, na realidade, em como as histórias compartilham de um senso de urgência maior. Isso é construído pelos elementos posicionados pelo autor Timothy Zahn; alguns com maestria, mas outros nem tanto.

Qual é a história de O Bem Maior

A trama de Thrawn Ascendancy: O Bem Maior se passa alguns meses após os eventos de Ascensão do Caos, o primeiro livro. Aqui, o último triunfo de Thrawn ainda está fresco em seus ombros. Ele derrotou Yiv,  liderou os Chiss à vitória e trouxe glória para a Casa Mitth, mas a verdadeira ameaça ainda não foi extinta. Por toda a Ascendência, eventos aparentemente não relacionados podem significar a ruína de seu povo.

À medida que Thrawn e a Frota de Defesa Expansionária se unem para desvendar uma conspiração, eles descobrem uma verdade perturbadora. Em vez de invadir capitais Chiss ou saquear recursos, os inimigos atacam a própria fundação da Ascendência, instigando desavenças entre as Nove Famílias Governantes e as Quarenta Grandes Casas abaixo delas. Enquanto a discórdia é semeada entre aliados, cada guerreiro deve decidir o que mais importa para eles: a segurança de suas famílias ou a sobrevivência da Ascendência.

O que achamos de O Bem Maior?

Em O Bem Maior, o que nos faz lembrar dos clássicos capítulos do meio da franquia Star Wars é a atmosfera. A cada reviravolta, existe a sensação de que as coisas estão prestes a explodir. Através disso, Timothy Zahn constrói brilhantemente a ideia de que nem mesmo o grande intelecto de Thrawn será suficiente para impedir o pior. Tudo ainda é unido à gloriosas sequências de batalhas espaciais, que deixam as passagens ainda mais eletrizantes.

Outro elemento que Zahn consegue explorar muito bem é o funcionamento das Famílias da Ascendência. Por mais que a organização hierárquica da política ainda seja um pouco difícil de entender, com nomenclaturas um tanto confusas (e aqui me sinto como o próprio Thrawn, que pouco ou nada compreende dessa área), é possível sentir de maneira clara o que está em jogo.

Isso se dá graças à adição de uma personagem interessante: a Capitã Sênior Lakinda, pertencente à Família Xodlak, que uma vez esteve entre as Famílias Governantes. Aqui, mergulhamos nos conflitos internos de Lakinda para compreender seu dever não apenas como Xodlak, mas também como militar da Frota de Defesa Expansionária Chiss, dois elementos que entram em conflito no decorrer da trama. Como resultado, Zahn entrega, possivelmente, uma das melhores personagens de seus livros, atrás somente do próprio Thrawn.

Ascendência Chiss (Imagem: Reprodução/Barnes & Noble)

Contudo, enquanto o autor abre alas para uma ótima personagem de um lado, acaba não conseguindo fazer o mesmo do outro. Apesar de O Bem Maior seguir uma clara linha narrativa, a história se perde com outras peças que, ainda que não sejam ruins, se provam bem menos interessantes que as demais. Temos um fazendeiro em uma investigação. Um Conselheiro cheio de ambições. Um casal em uma viagem educativa. Até mesmo Haplif, o principal antagonista, em sua missão.

Eis aqui o problema. Passamos tempo demais em tramas como essas que, a princípio, soam quase como paralelas, que se tornam raros os momentos que voltamos a Thrawn, Lakinda e outros personagens pelos quais prezamos. Isso impacta negativamente no ritmo da leitura mas, curiosamente, deixa tudo mais empolgante quando voltamos às figuras principais. É quase como uma calmaria monótona antes da emocionante tempestade final.

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Capa alternativa de “O Bem Maior” (Imagem: Reprodução/Universo Geek)

Por fim, isso sintetiza a maior virtude e o maior problema de O Bem Maior.  Quando a trama finalmente se desenrola diante de nossos olhos, todos os elementos apresentados anteriormente se encaixam de maneira surpreendente, tensa e digna de um clássico capítulo do meio da franquia. Tememos pelo destino dos personagens. O plano dos antagonistas parece infalível.  Tudo está por um fio. O perigo é eminente.

Com isso, Timothy Zahn entrega uma história instigante e bem conectada, porém imperfeita. É como um mosaico confeccionado com alguns cacos absolutamente simétricos e outros completamente irregulares, mas que ainda assim entregam uma bela imagem no final, coroando toda a jornada.

 Muito bom 

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