[RESENHA] Herdeiro do Império e Ascensão da Força Sombria de Timothy Zahn

A Trilogia Thrawn foi um marco no Universo Expandido de Star Wars desde o seu início e por muito tempo foi considerada por muitos como os episódios VII, VIII e IX da Saga e é fácil de se entender o motivo.

 

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Cinco anos após a destruição da Estrela da Morte, a ainda frágil República luta para restabelecer o controle político e curar as feridas deixadas pela guerra que assolou a galáxia. O Império, porém, parece não ter morrido com Dath Vader e o imperador. Habitando os confins da galáxia, o grão-almirante Thrawn, gênio militar por trás de diversas ações imperiais, ainda luta para reconquistar o poder perdido.

É de se notar que o livro já começa mostrando ao leitor que nem tudo ao final d’O Retorno de Jedi foram flores. O Império foi acuado com a destruição de seus maiores líderes mas focos de resistência pela Galáxia ainda permanecem. A Aliança Rebelde também enfrenta uma enorme burocracia de reforma política no Universo tentando trazer a Nova República.

O marco é como o espírito aventuresco da primeira Trilogia da Saga se mantém e consegue evoluir os personagens além dos filmes. Léia está para ser mãe de gêmeos e bravamente precisa dividir seu tempo entre organizar a Nova República, encarar os primeiros estágios nos caminhos da Força e ainda ter uma vida pessoal. Falando nisso, Han Solo tem que se ajustar a esta difícil vida de “homem respeitável” enquanto Luke é o último dos Jedi e a sobrevivência da Ordem cai pesadamente em seus ombros e no treinamento da irmã e futuramente de seus sobrinhos.

Na casa dos vilões, o Grão-Almirante Thrawn consegue ser um vilão interessante e diferente pois não é um Sith e não usa um Sabre de Luz mas que dá trabalho aos mocinhos devido a sua técnica militar, seu gênio estratégico e sua personalidade reclusa e enigmatica. Seu lacaio Capitão Pellaeon representa muito bem a arrogância dos imperiais enquanto o “Mestre Jedi” Joruus C’baoth aqui não tem muito destaque mas prova-se como um ser insano e focado em seu objetivo de caçar os herdeiros da Ordem Jedi.

empire

Uma terceira facção entra em cena aqui e conhecemos a equipe de contrabandistas de Talon Karrde e em meio a seus membros, Mara Jade. Star Wars sofre uma falta de fortes personagens femininas que não sejam chamadas de Princesa Leia, um fato corrigido aqui com a introdução de Mara que acaba sendo a personagem com mais camadas no livro dividida entre sua lealdade a Karrde e uma missão pessoal que ela julga dever cumprir até suas últimas consequencias.

Karrde

Temos nestes livros uma versão de Star Wars muito próxima do gênero ficção científica e ainda mantendo o estilo de “ópera espacial”. Elementos como clones (aparecendo pela primeira vez aqui em uma mídia de Star Wars), animais que são verdadeiras kryptonitas para os Jedi pois anulam a Força, povos inteiros estranhando e abominando “truques mentais” e até mesmo uma gama de termos, regras, aparatos e tecnologias que ajudam a explicar para pessoas chatas o porque dos personagens conseguirem permanecer em pé mesmo em um mergulho de uma nave.

Apesar de Herdeiro do Império terminar em um cliffhanger não tão satisfatório quanto “Eu sou seu pai”, Zahn apresenta uma história coesa entre ação e politicagem, com poucos toques de humor que não chega a fazer falta. Os personagens que já apareciam nos filmes continuam fiéis em espírito e seu crescimento é muito bem escrito, assim como os novos que logo conquistam nossa afeição e em certos casos como Pellaeon e até mesmo Mon Mothma (uma das líderes da Aliança Rebelde que não consegue dar um dia de sossego para a pobre Léia), o desprezo.

9788576572107A luta de Luke, Han e Leia em defesa da Nova República continua. Mais uma vez, eles enfrentarão as tropas imperiais dissidentes, comandadas pelo poderoso grão-almirante Thrawn. Quando Talon Karrde é capturado por forças inimigas, Mara Jade relutantemente recorre à ajuda de Luke Skywalker, que é forçado a interromper seu treinamento com um curioso mestre para ampliar o domínio da Força.

O título brinca com o fato do Império Remanescente de Thrawn estar ganhando poder e com o fato de que “Força Sombria” era um nome popular dado a Frota Katana: um grupo de 200 naves pesadas da Antiga República que se perderam no Universo e que neste capítulo foi encontrada. Assim, dá-se início a uma corrida entre os heróis e vilões pelo controle deste imenso poder de fogo.

Katana

Uma coisa interessante quando passamos para o segundo livro é a quantidade de tramas que temos que acompanhar, cada uma poderia muito bem ganhar seu próprio livro ou conto, mas aqui Zahn as costura de uma forma que funciona muito bem até certo ponto.

Até certo ponto porque ao contrário de O Império Contra Ataca onde tudo desmorona, os personagens são testados e você realmente se preocupa com o destino deles, aqui tudo parece diminuir uma marcha. É importante eu frisar que acho o arco desta trilogia literária extremamente fantástico e não vejo a hora de quando publicarem o terceiro para poder ler novamente e apresentar a resenha! Mas trilogias de filmes são diferentes das de livros e a sensação é que preparamos um bolo e neste volume do meio ficamos olhando para o forno vendo-o assar.

Infelizmente o livro tira o foco do desenvolvimento de certas personagens em favor da política e naves que demoram muito para ascender. Ascensão da Força Sombria é o Ataque dos Clones destes livros: uma história que precisa se desenvolver e apresentar problemas que serão resolvidos no climático capítulo final (é um mal necessário). Claro que muito melhor que o Episódio II pois temos os personagens incríveis apresentados no primeiro volume além de bons diálogos.

Fazendo um exercício mental e colocando-se na época de seu lançamento em 1992 tudo isso era uma grande inovação para a Saga, mostrando aos fãs pequenos lampejos do que foi a tal das Guerras Clônicas e detalhes sobre a Antiga República. Hoje, mais de 20 anos depois, acredito que o livro vai funcionar aos fãs brasileiros que até agora não tiveram grandes chances de acompanhar as mídias de Star Wars além dos filmes e que em sua maioria não estão saturados de politicagens e seres genéticamente criados em tubos, programados para lutar em um exército de uma só face.

1 comentário

    • Vinicius Borges em 24 de março de 2016 às 15:09
    • Responder

    Estou quase na metade do terceiro volume, O Ultimo Comando, e a cada pagina que leio fica aquela sensação de oportunidade perdida da Disney de adaptar essa maravilhosa trilogia para os cinemas. O despertar da força é bom, mas a Trilogia Thrawn é infinitamente melhor!!!!

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