[RESENHA] Star Wars: Tarkin de James Luceno

Tarkin

James Luceno, veterano autor de Star Wars chega a seu 10º livro da saga, tendo sido responsável, entre outros, por The Unifying Force, último livro da mega-série New Jedi Order, e Darth Plagueis, praticamente uma biografia do mestre de Palpatine no antigo Universo Expandido Legends. Tarkin é a segunda peça do novo cânone e, conforme o título um livro sobre o soberano da Estrela da Morte. Siga-nos por este review e compre o livro quando a Editora Aleph lançar entre o fim do ano e começo de 2016.

ATENÇÃO: A RESENHA CONTÉM ALGUNS SPOILERS.

A história: Tarkin se inicia 5 anos após Sheev Palpatine se proclamar Imperador, em uma época onde a população ainda vê o Império como algo benéfico e clones estão sendo substituídos por cadetes – embora os filhos de Kamino ainda existam no exército imperial. Moff Wilhuff Tarkin foi enviado para uma lua perto de Geonosis e Tatooine, o que, para muitos no Império, seria uma punição – já que quanto mais próximo de Coruscant, mais importante você era. Poucos sabiam que Tarkin estava era cuidando da construção da primeira Estrela da Morte.

É curioso que o livro fala de uma biografia de Tarkin publicada anos após sua morte, quase que se auto-citando. É pouco provável que esse lançamento fosse acontecer num cenário do antigo UE Legends pós-ROTJ, onde houve uma Nova República tomando espaço. Talvez isso já nos diga um pouco do que aconteceu antes de TFA.

O livro falha miseravelmente em chamar atenção logo em seu primeiro capítulo, com uma descrição de Tarkin alterando seu uniforme com a ajuda de um dróide de protocolo. Mas logo sabemos que existem atrasos na construção da estação espacial – só assim pra justificar que ela tenha começado logo após ROTS e só terminado em ANH, sendo que sua “irmã gêmea” teria sido colocada em operação em menos de 4 anos.

Tarkin está na Base Sentinel (Sentinela) e é informado que a Estação Rampart (Baluarte/Plataforma) está sendo atacada por caças Tikiar e Z-95 Headhunters (estes últimos bastante comuns no exército de clones da República) modificados liderados por uma nave consistente de partes de várias classes de naves separatistas. Tarkin acompanha o ataque por holovídeos e chega a identificar marcas de corrupção deliberada nos vídeos: estes eram apenas um desvio de atenção para permitir um ataque direto à base Sentinel, a estação Rampart nunca esteve sob ataque.

Caça Z-95 Headhunter de The Clone Wars

O planeta Eriadu, do setor Seswenna, na Orla Exterior (Outer Rim) é um grande produtor de um dos minerais necessários para aço transparente. Foi o planeta onde a família Tarkin se tornou poderosa criando e controlando as atividades militares. A história do planeta fazia Tarkin crer acima de tudo na ordem e na tecnologia – o que explica a dificuldade dele em trabalhar com Jedi. E aqui começamos o fato de o livro ficar indo e voltando no passado de Wilhuff, sem necessariamente dizer se é ele que está lembrando ou se isso faz parte da explicação do que tornou Tarkin quem ele é. Desde sendo treinado nas partes selvagens do seu planeta pelo tio-avô junto com alguns Rodians (que me fez mais lembrar do Kraven, inimigo do Homem-Aranha, do que do Tarkin que vemos em ANH e TCW), até ele sendo considerado quase que como um “selvagem” na academia das Forças Judiciais por ser de um planeta de longe do centro da galáxia, cerca de uma década antes das Guerras Clônicas. As Forças Judiciais eram a força pacificadora da República antes das Clone Wars, tendo aparecido brevemente como os dois pilotos do cruzador que levou Qui-Gon e Obi-Wan até Naboo.

Momentos de Wilhuff Tarkin entre animais selvagens fogem da característica do personagem que vimos nos filmes.

Enquanto pensava sobre a origem e o objetivo de seus atacantes, Tarkin foi contactado por ninguém menos que Mas Amedda, que fora vice dos Chanceleres Valorum e Palpatine, e continuava a servir o mesmo ainda no Império. Amedda estava a requisitar a presença imediata de Tarkin em Coruscant, que ele viria logo a descobrir que tinha a ver com a capacidade de seus inimigos de mexer com a Holonet imperial.

É curioso ver também Tarkin tentando fazer algum sentido das Guerras Clônicas: um exército que surgira do nada durante uma batalha em Geonosis, o Conde Dooku que nunca conseguira fazer um argumento bom o suficiente para sustentar a existência separatista nos vários encontros que ele e Tarkin tiveram no período em que Tarkin governou Eriadu.

O livro nos traz também um pouco do que se passa na cabeça de Palpatine, mas não muito. Descobrimos que o Templo Jedi foi construído acima de um santuário Sith, que mesmo alguns dos mais poderosos usuários do lado negro acreditavam que santuários como esse existiam apenas em planetas Sith, como Moraband – este conceito da construção do Templo, aliás, é originário de episódios não finalizados de TCW. Os Jedi acreditavam que toda a energia negativa do local havia sido neutralizada, mas Sidious crê que esta energia ajudou a mascarar as coisas para a Ordem, tendo se infiltrado em todos os cantos do Templo. Nem Vader sabia da existência do local, embora Sidious esperasse encontrar lá os maiores segredos do lado negro, que fossem permitir a ele e Vader permanecerem no poder por 10 mil anos.

O Imperador determinou então que Vader e Tarkin se dirigissem para o planeta Murkhana e é neste ponto que o livro finalmente engrena:a nave de Tarkin, Carrion Spike (Lança de Carrion, em homenagem à região de seu planeta natal, chamada Carrion, onde Tarkin fora treinado quando jovem) ,muito similar à nave que vimos Anakin usar em Christophsis na segunda temporada de TCW, é roubada. Temos então batalhas envolvendo ARC-170, V-Wings, Vader em seu Jedi… ops… Sith starfighter egresso da época de ROTS. Podemos ver um pouco da tripulação que roubou a nave, incluindo aí uma tática bastante similar aos rebeldes da série de filmes Jogos Vorazes: vídeos de propaganda contra a Capital/Império (devo notar aqui que não li os livros que deram origem aos filmes).

Este é o momento que este artigo não contará o final, ou a grande parte do final, já que a perseguição e a resolução da trama ocupam pelo menos o último ⅓ do livro. Um dos resultados é que a construção da Estrela da Morte é atrasada em cerca de 4 anos por causa dos ataques, mas o motivo disso, deixarei para que vocês descubram quando a Aleph lançar o livro.

A capa americana de Star Wars: Tarkin

A capa americana de Star Wars: Tarkin

Opinião do M’Y: Tarkin, o livro, é extremamente dependente de você gostar de Tarkin, o militar do Império. E se a trilogia clássica fez maravilhas por Darth Vader, o mesmo não pode ser dito sobre o Grand Moff. O primeiro terço do livro se arrasta e sofre principalmente com cenas que não parecem ser do mesmo personagem, ainda que James Luceno as tenha criado justamente para explicar como Tarkin se tornou quem ele era (há até uma cena em que Tarkin, aos 10 anos, diz que serviria seu servo). O livro melhora quando Vader passa a participar ativamente, tendo que atuar em dupla com Tarkin e temos alguma ação espacial, mas se a esperança do leitor é acompanhar Vader ou ter bastante ação, este é o livro errado. A inteligência de Tarkin é o foco, e entender como ele chegou na posição que chegou.

Alguns momentos focados em Palpatine, em particular sobre o antigo templo Sith abaixo do Templo Jedi não tem reverberação neste livro e nos deixam curioso sobre se são ligados com RebelsThe Force Awakens ou se em outros livros. Estes talvez sejam válidos para aqueles que não tem em Tarkin um de seus personagens favoritos. É esperar pra ver.

Nota do M’Y: 7.0 de 0 a 10.

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