Atualmente morando em Los Angeles, Boyega não tem a menor ideia do que o aguarda quando o filme dirigido por J. J. Abrams invadir os cinemas – mesmo ele tendo trabalhado ao lado de Harrison Ford, Carrie Fisher e Mark Hamill, que todos viram suas vidas mudarem drasticamente quando Star Wars estreou em 1977. “Este é o primeiro filme de Star Wars na era da Social Media e é um caminho diferente.” Disse Boyega no dia que o trailer final de O Despertar da Força foi mostrado (junto com seu vídeo de reação que ele postou no Instagram). “As histórias que eles contaram.. eu fui capaz de pegar algumas coisas benéficas, mas em termos de conselhos diretos, eles não deram nenhum.“
Hollywood Reporter: Para alguns atores, tipo Harrison Ford e Carrie Fisher, estar num filme de Star Wars foi um ótimo catalizador para suas carreiras. Para outros, como Natalie Portman e Ewan McGregor, quase não teve muito impacto. E ainda outros como Jake Lloyd ou Hayden Christensen, meio que acabou com eles. Quanto disso você levou em conta antes de aceitar participar do filme?
John Boyega: Nada. Eu sou do tipo que gosta de oportunidades. Sou do tipo de que gosta de história. Quando J. J. assinou como diretor eu estava muito interessado em ir e ler para ele. Foi só uma questão de poder ou não fazer o trabalho e aparentemente eu pude. Pra mim, tudo está ligado em ter certeza de que esse é um filme muito legal. De que posso fazer o melhor pra incorporar o personagem. Em termos de ser terrível pra alguns atores e tudo mais, faz muito tempo que um filme de Star Wars estreou. Eu não tive o menor medo dos riscos e essas coisas. Como um ator, eu queria fazer um ótimo, ótimo trabalho. E como um fã também.
Hollywood Reporter: Como você consegue manter a compostura? Uma vez que o mundo está indo a loucura com você e sobre você – os fãs estão derrubando os sites pra comprar os ingressos – como você mantém esse nivel de “normalidade”?
John Boyega: Eu acho que o principal é que eu tinha uma vida antes. Dois anos atrás eu não poderia jurar que essa era uma conversa que eu estaria tendo. Então ainda não tomou conta da minha vida. Como atores, nós temos que manter um tipo de equilíbrio. Eu acho que nos meses seguintes isso vai mudar e eu saberei exatamente quais são as dinâmicas. Mas até agora nada de significativo mudou ainda no modo como minha vida funciona.
Hollywood Reporter: Saindo de “Ataque ao Prédio” você tinha algum plano de como queria que sua carreira se desenvolvesse? Existia um plano pelo qual estava trabalhando?
John Boyega: Sim, claro. Quando reconhecemos que “Ataque ao Prédio” seria um projeto que os Estados Unidos ia aceitar, uma vez que a Big Talk Productions tinha arranjado a distribuição do filme nos Estados Unidos seria pela Screen Gems, nós sabíamos que era uma grande oportunidade de ir a America e se envolver em outros projetos. Então o plano era ir para os Estados Unidos, fazer um programa de TV ou um filme e devagar construir um portfólio de trabalho. Mas você sabe como a vida é: umas coisas dão certo, outras não.
Hollywood Reporter: Temos certeza que existe um contrato que te obriga a responder essa pergunta, mas você era fã de Star Wars quando criança?
John Boyega: (Risos) Que tipo de contrato seria esse? Absolutamente. Sim, eu era fã.
Hollywood Reporter: Seus pais entendiam seu amor por Star Wars?
John Boyega: Não. Meus pais não tem interesse em Star Wars. Eles apenas estão interessados em “O Despertar da Força”. Nos outros filmes eles são tipo: “OK, legal, mas você não estava em nenhum deles.” Eles são do tipo de que acreditam em oportunidades. Eu sempre fui um fã, especialmente do Universo Expandido, das histórias em quadrinhos e jogos. Assisti todos os filmes antes de ser escolhido. Eu tinha completamente noção do que era Star Wars. Não precisei ser atualizado sobre isso.
Hollywood Reporter: Temos noção que é um pouco complicado, mas você pode falar um pouco sobre como foi sua resposta ao script e seu personagem, especificamente? Tirando o fato de que é um filme de Star Wars, o que em Finn te fez querer interpretá-lo?
John Boyega: Eu acho que sempre me interessei em personagens que começavam de uma forma e terminavam de outra. Eu acho muito chato ler um script onde o personagem sempre sabe o que fazer, sabe quem são, tem um manual pra suas vidas. Eu apenas sinto que esse tipo de personagem é feito pra uma história perfeita. O que sempre me interessou, e a muitas pessoas, foram personagens que são pouco prováveis. Personagens que não necessariamente se encaixam ou enquadram no statuos quo. Finn não é um cara que você esperaria que fosse se envolver nessa história. O fato é que ele é um stormtrooper. Nós [geralmente] não vemos muito do pasado ou vidas de stormtroopers: como as dinâmicas funcionam pra eles, como eles foram recrutados – nós realmente não vemos muito sobre o passado deles. Isso foi interessante pra mim em ter esse tipo de personagem.
Hollywood Reporter: Embora a maioria dos fãs de Star Wars são carinhosos e acolhedores, tem algo de muito feio nesse tal boicote a Star Wars, onde as pessoas não estavam gostando que Star Wars fosse protagonizado por uma mulher e um homem negro. O que você sentiu quando ouviu sobre isso?
John Boyega: O grande movimento nesse momento foi o fato de que Star Wars provavelmente já bateu a pré-venda de Jogos Vorazes oito vezes mais. Então minha pergunta é: como esse pequeno movimento tá indo?
Hollywood Reporter: Sim. Do outro lado disso, tem toda uma geração de crianças que verão um filme de Star Wars pela primeira vez.
John Boyega: Absolutamente.
Hollywood Reporter: O papel principal é de um homem negro segurando um sabre de luz. Pela primeira vez, como o presidente dos Estados Unidos, o principal jedi do filme é negro. Isso é uma responsabilidade em que você pensou antes de participar?
John Boyega: Não. (Pausa) Tenho 23 anos, então não tive informações sobre como o mundo funciona quando se trata de diferentes mentalidades. No que estou sendo exposto agora é algo novo. Não sou normal quando se trata disso. Pra mim, estar num filme de Star Wars, ter uma responsabilidade no mundo – eu sinto que se tivesse pensado sobre isso durante meu teste, eu não iria ter me saído bem. Estaria chorando e fazendo discursos durante metade do teste. Pra mim, eu entrei como um ator. Sempre foi meu principal foco. Qualquer inspiração que as pessoas tirem disso é absolutamente fantástico. É sempre bom sentir que você está envolvido em algo positivo. Em termos da minha abordagem para Star Wars, meu principal foco era o papel, a história e ter certeza que Star Wars fosse devidamente honrado em qualquer sentido respeitável.
Hollywood Reporter: Qual foi a parte mais surreal até agora?
John Boyega: Acho que pra mim foi assistindo aos trailers. Isso é surreal. Não pode ficar mais real que isso. Nós fomos a Comic-Con, conhecemos os fãs, mas assistir o conteúdo foi incrível. Eu nunca tinha me visto naquele formato antes – num filme que é provavelmente o maior filme da história. É uma cultura. É tipo uma religião pra algumas pessoas. É tipo, tão louco ver você tão envolvido nisso.
Hollywood Reporter: Última pergunta: Você ainda tem o seu sabre de luz?
John Boyega: Deixe me ir ao meu quarto. Eu tenho, um, dois, três, quatro, cinco sabres de luz. Espera, tem um aqui no chão. Seis sabres de luz. Sabres que vou dar a certas pessoas quando as vir.
Hollywood Reporter: Você tem um que mantém seguro? Um que é o mais importante pra você?
John Boyega: Tem um que está aberto pra só balançar por uns segudos quando estou andando pela casa.
Hollywood Reporter: Só no caso de precisar usar?
John Boyega: É, só no caso de precisar usar.
A matéria ainda possui um vídeo (em inglês):