Rodeado por desentendimentos e desconfiança, o spin-off de Han Solo nunca foi unanimidade entre os fãs da saga desde o seu anúncio em 2015. Obviamente esse ceticismo é oriundo de inúmeros motivos, os quais serão destacados no decorrer do artigo. Entretanto, mesmo diante de tamanha impopularidade, o filme também possui seus apoiadores e pontos positivos que fazem contraste as críticas vinculadas ao derivado. E como não poderia deixar de ser, esta publicação também mostrará as razões pelas quais o longa metragem têm potencial para surpreender e agradar tanto a mídia, quanto a fanbase.
Não é assim que a Força funciona!
Citar os argumentos que apontam o possível fracasso de Han Solo (e de ele não ser um filme necessário) com certeza não foi o que te atraiu até aqui. Você deve estar curioso em saber as justificativas usadas para defender o spin-off, odiado por quase todas as espécies na galáxia. Porém, a minha intenção justamente é essa. Primeiramente tirar as esperanças da obra, se é que ainda existe algum resquício de expectativa, e por fim tentar trazer boas perspectivas a inédita história do contrabandista mais canalha que já conhecemos.
1-) Alden Ehrenreich, você é um homem morto!
Premiado, e simultaneamente condenado para interpretar Han Solo, Alden Ehrenreich de fato é a principal incógnita do filme. Das opiniões negativas relacionadas ao derivado até agora, o ator de curta filmografia vem sendo alvo dos piores comentários, tendo em vista justamente a sua breve carreira e poucas semelhanças com Harrison Ford. Contudo, ainda que o profissional escolhido tivesse mais experiência e características parecidas em relação ao artista, certamente esse intérprete hipotético sofreria a mesma desaprovação do público. Afinal, estamos falando de mexer em um protagonista clássico, amado talvez pela totalidade dos fãs de Star Wars. Se isso deixasse de ser um problema, a própria LucasFilm não se recusaria a recriar Carrie Fisher em CGI para a sequência da saga.
2-) O universo apresenta alternativas mais interessantes
O contrabandista Han Solo possui histórias boas a serem contadas, e mostrarei isso adiante neste artigo. Todavia, é quase um consenso que o universo de Star Wars têm personagens e narrativas de maior apelo para ganharem versões cinematográficas. Por exemplo, Obi-Wan há tempos vem sendo um spin-off requisitado, e o Mestre Jedi poderia ter seu passado como aprendiz explorado ou até mesmo parte do tempo em que ficou exilado no planeta Tatooine. Outra possibilidade válida e que ganhou bastante força após Rogue One, foi um filme derivado de Darth Vader. Mesmo com os quadrinhos atuais contando sobre diversos acontecimentos vividos pelo vilão depois do Episódio III e do Episódio IV, ainda sobraria uma boa dose de enredo e ação ao Sith temido pelos rebeldes. Sonhando mais um pouco, e indo até no caminho contrário traçado pela LucasFilm, a qual nitidamente está dando mais atenção ao período da trilogia clássica, poderíamos receber uma série de longas focados na Velha República. Por fim, um filme dedicado a 501ª Legião também seria atrativo, dando atenção a personagens não usuários da Força, da mesma forma que o primeiro derivado da saga fez com Jyn Erso, Cassian Andor, etc. E seria ótimo para sair da overdose de materiais entre as obras originais.
3-) Já temos histórias demais com Han Solo
Tudo bem que o spin-off vai contar o passado jamais visto de Han Solo, entretanto, o personagem atualmente apareceu em inúmeras histórias da saga. E isso acaba sendo um pouquinho desgastante, mesmo com a proposta em nos mostrar a juventude do herói rebelde. Tirando a aparição de Han Solo nos filmes principais, o pai de Kylo Ren já recebeu uma minissérie da Marvel, incontáveis aparições nas HQs atuais de Star Wars, outra aventura própria no livro Missão de um Contrabandista, e participações pontuais nos quadrinhos Império Despedaçado, Doutora Aphra e Princesa Leia, além dos livros da série Marcas da Guerra (interlúdios) e Bloodline. Logo, não seria melhor desenvolver protagonistas ou coadjuvantes com menos aventuras narradas?
Nunca me fale sobre as probabilidades!
Após a exposição dos motivos que tornam Han Solo um derivado desnecessário e propenso a fracassar, está na hora de olharmos para o filme com bons olhos. Não resta dúvidas que a ideia realmente incomoda muita gente, mas a seguir temos diversos pontos estimulantes referentes ao spin-off com a capacidade de mudar a sua enorme rejeição.
1-) Há dois motivos para jogar sabacc: por diversão, ou para ganhar dinheiro
O derivado de Han Solo é aberto a inúmeras possibilidades novas quando analisamos os filmes de Star Wars. Isso é um aspecto extremamente positivo, e que será melhor comentado sucessivamente. Mas concentrando-se neste tópico, o filme do contrabandista abre portas para o sabacc. Aproveitado sobretudo no Legends, sabacc é um jogo de cartas que envolve apostas e trapaças dos jogadores mais experientes. Inclusive, o próprio Han Solo obteve a Millennium Falcon de Lando jogando sabacc. E ter a chance de explorar essa jogatina de cartas no cinema é algo sensacional, já que como citado, sabacc da brechas para a sorte e falcatruas. Poderíamos ver cenas surpreendentemente diferentes e engraçadas envolvendo o jogo, sem mencionar que sabacc é um elemento adorado pelos fãs, principalmente dos seguidores do universo expandido.
2-) Contrabandistas
Sim, contrabandistas. Nós já conhecemos muito a respeito dos Jedi, Sith, clones, caçadores de recompensa, entre outras ordens/facções. Mas pouco vimos ou lemos sobre os contrabandistas em Star Wars, e o filme de Han Solo permite que a LucasFilm nos introduza a este grupo e sua mitologia. Poderemos conhecer o código, ou até mesmo saber do treinamento dos contrabandistas, afinal Woody Harrelson interpretará o mentor de Han (um papel no mínimo curioso). Além disso, personagens antigos a exemplo de Lando Calrissian também ganharão mais destaque, e enfim veremos em ação toda a lábia e ganância do velho amigo de Solo. E de “brinde”, o spin-off concederá novas caras ao universo da saga, com personagens feitas pelas atrizes Emilia Clarke (Game of Thrones), Phoebe Waller-Bridge (A Dama de Ferro) e Thandie Newton (À Procura da Felicidade). É uma mistura de figuras inéditas e consagradas que têm tudo para dar muito certo, especialmente por descobrirmos como as coisas funcionam no mundo dos contrabandistas.
3-) Novo estilo, histórias clássicas e Ron Howard
Este é o último item que pode te convencer sobre o filme, ou finalmente confirmar seus pensamentos negativos quanto a ele. Para começar, vamos discutir a respeito do “novo estilo“. Rogue One: Uma História Star Wars agradou por inovar, mas mantendo a essência das obras clássicas. Vimos uma guerra de verdade pela primeira vez na saga, e isso foi muito bom. E o spin-off de Han Solo pode seguir o mesmo caminho, só que no seu próprio estilo. Mentiras, piadas, truques são alguns dos aperitivos que podem tornar o longa diferente dos demais no universo Star Wars. Ou seja, um enredo mais descontraído e leve. Sou obrigado a concordar que talvez um pouco desse estilo tenha chances de ser controlado pela LucasFilm, tendo em vista a demissão dos diretores. Mas é algo a se pensar caso Rogue One sirva de base. Já as histórias clássicas das quais me refiro são a Kessel run, a origem da Millennium Falcon e quem sabe o primeiro encontro entre Chewie e Solo. Provavelmente todo fã de Star Wars tem curiosidade de ver pelo menos um desses eventos, e eles devem estar no filme. Por fim, Ron Howard sendo escolhido rapidamente como novo diretor do derivado também é um ponto animador. O cineasta trabalhou em produções reconhecidas, a exemplo de O Código Da Vinci e Apollo 13, e aparentemente possui a confiança de Kathleen Kennedy. Portanto, pontos positivos é que não faltam para o filme seguir um bom caminho.