RESENHA | “Thrawn” de Timothy Zahn

O grande almirante Thrawn ocupa um lugar importante na história da Star Wars como a estrela da Trilogia que leva seu nome, publicada no início dos anos 90. Criado pelo autor Timothy Zahn, Thrawn saltou das páginas. Ele era um vilão ao contrário de qualquer outro presente no universo Star Wars até então. Thrawn não possuía a Força, mas era dotado de uma excelente mente estratégica (e, pra falar a verdade, uma grande amizade com o autor). Por muito tempo permaneceu no limbo do Legends até seu retorno em Rebels e agora, o personagem fez um retorno triunfante às páginas por seu próprio criador.

Thrawn (livro) já é bem sucedido por conta de seu foco extremo no personagem. Thrawn (personagem) foi introduzido em Herdeiro do Império como o principal vilão, mas ele competiu por tempo de página com personagens como Luke, Han e Leia. Outros personagens criados por Zahn, como Mara Jade, também chamaram muita atenção. Como resultado, você não tinha como gastar muito tempo – pelo menos, não tanto quanto eu teria gostado – com o Grande Almirante. Aqui tudo está muito bem equilibrado. Vemos como o Império descobre Thrawn, como o Chiss prova ser um bem valioso, e como ele cresce nas fileiras com uma velocidade incrível.

Para simplificar demais meus pensamentos: acho este novo Thrawn melhor trabalhado do que aquele do Legends. Não precisamos entrar em assuntos sobre comparar o antigo e o novo, mas em um caso como este, é muito difícil se segurar.

Uma razão pela qual Thrawn é bem-sucedido em comparação com as iterações passadas do personagem é porque ele coloca você em sua pele. Nós sabemos que ele é inteligente e tem habilidades de observação semelhantes a alguém como Sherlock Holmes. À medida que o Thrawn interage com os outros, há um adendo em itálico a cada troca de diálogo.

Essas observações são o que Thrawn está percebendo sobre o falante: um aumento de temperatura, um tique nervoso – e tudo isso informa suas ações e conclusões. Zahn se destaca tanto por nos mostrar as coisas pelos olhos de Thrawn, que você vai se pegar tentando estudar o mundo e as pessoas à sua volta como ele.

Pequenos easter eggs permeiam a obra mas não vou entrar em detalhes aqui. Vamos discutir apenas dois aspectos importantes da Trilogia Thrawn presentes nesta nova história: a xenofobia e a importância da arte. Além de serem temas fundamentais para Thrawn Legends, é fascinante estudá-los no contexto do que sabemos sobre o Império. Thrawn é automaticamente um mundo à parte porque ele não é humano. Seus olhos vermelhos e sua pele azul o marcam como diferente à primeira vista, e ele é visto grosseiramente por outros no Império. No entanto, não pelo Imperador Palpatine. O Imperador sente o valor de Thrawn e, portanto, não se importa com o fato de ele ser um alienígena.

Pense sobre o que vemos do Império e, mais tarde, a Primeira Ordem. Uma grande porcentagem de oficiais e trabalhadores visíveis são seres humanos brancos do sexo masculino. As organizações valorizam a uniformidade em vários níveis. Além disso, porque muitos alienígenas estavam envolvidos com os separatistas durante as Guerras Clônicas, há uma desconfiança insidiosa sobre eles que persistem muito depois que o Império Galáctico é formado. Enquanto Zahn tece um conto satisfatório de intriga política, seu estilo de escrita detalhado realmente brilha nas seções militares do livro também.

E então tem a arte. Thrawn é um colecionador. Ele estuda arte e cultura daqueles com quem trabalha ou se opõe e encontra padrões e informações. Ele vê o potencial da arte, enquanto a maioria dos Imperiais não dá uma segunda olhada. Zahn dá alguns exemplos para ilustrar como Thrawn estuda e aprecia a arte e, então, como ela ajuda seus planos.

Além de passar pela história de Thrawn ao longo de vários anos, também passamos o tempo com Arihnda Pryce, a governadora Pryce de Rebels. Eu não quero mergulhar no spoiler, mas direi que vemos como ela ascende no campo minado político e ganha o papel que ela possui com confiança em Rebels. Ela e Thrawn estão perseguindo objetivos diferentes, mas suas carreiras avançam aproximadamente na mesma proporção. Eu ganhei uma certa apreciação por Pryce depois de aprender sobre seu caminho.

A parte inicial da história, passada nos anos que se seguiram à Vingança dos Sith, é contada da perspectiva do cadete imperial Eli Vanto, um jovem recruta cujo conhecimento básico do povo de Thrawn o torna tradutor e assessor do estrangeiro. Vanto é essencialmente o “homem comum” da história, tirado de sua carreira para servir um mentor brilhante – o John Watson para o Sherlock Thrawn. A dupla também pode ser vista como mestre e aprendiz, uma relação freqüentemente vista na Saga, e sua parceria se desenvolve bem através do livro.

Thrawn nos mostra algumas familiaridades, as expande e pinta um retrato íntimo que dá uma nova vida a um personagem amado. Zahn foi obviamente o autor ideal para a tarefa de começar e continuar a história de Thrawn, e ele entregou um trabalho fantástico. O livro apresenta não o Thrawn que conhecia, mas aquele que eu não sabia que queria tanto encontrar.


Exemplar para resenha cedido pela Editora Aleph

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