Iniciando uma Rebelião #1 – s01m01 – Spark of Rebelion

Continuando o espírito da série Contando as Guerras Clônicas, irei desta vez iniciar os artigos junto com a série propriamente dita.  Star Wars Rebels: Spark of Rebellion, filme para a TV que inicia de verdade a era Disney de Star Wars, chegou ao WatchDisneyXD.com no último dia 26 de setembro e ao Disney Channel americano em 3 de outubro (e consequentemente aos torrones do planeta todo). Spark of Rebellion se passa depois dos 4 curtas animados liberados no YouTube oficial da saga e se seguirá de pelo menos duas temporadas já confirmadas – veja os curtas no fim deste review. Os primeiros sete minutos do filme (na verdade os dois primeiros episódios da primeira temporada) já haviam sido divulgados e não sofreram alterações. Até pela pouca distância de tempo entre o fim de The Clone Wars, as comparações são inevitáveis.

ATENÇÃO! SPOILERS ABAIXO

Opinião do M’Y: O filme começa com Ezra, a personagem principal da série, em sua casa (uma torre abandonada) no planeta Lothal, situado no Outer Rim (Orla Exterior). Espera-se que boa parte da primeira temporada se passe neste planeta, o que já dará uma dinâmica toda diferente da série anterior. Mencionei isto anteriormente: enquanto em The Clone Wars podíamos estar em vários cantos da galáxia, com várias personagens que estão longe dos centrais, em Rebels seguiremos um bando só e isso faz com que os episódios se foquem onde o bando estará e nos dê menos noção de como estão as coisas nos outros pontos da galáxia. Apenas esta premissa já traz uma sensação mais próxima da Trilogia Clássica.

Somo apresentados logo em seguida a um Star Destroyer clássico e dois TIE Fighters sobrevoando a cidade Capital de Lothal e o jovem o segue para a cidade, enquanto vemos o logo da série. Confesso que achei o corte aqui bem estranho, como se tivesse que entrar uma abertura para a série o qualquer coisa do tipo. Ainda assim eu preferiria a velha abertura dos filmes. Vemos logo em seguida o Comandante Cumberlayne Aresko e o Taskmaster Myles Grint (Nota: Não consegui chegar a uma tradução adequada para Taskmaster, embora talvez Feitor seria uma boa) importunando um vendedor de jogans, fruta esta que apareceu em vários episódios de The Clone Wars. O vendedor é claramente um ambulante e é meio difícil olhar pra ele e não lembrar dos camelôs que temos no Brasil.

Os dois fazem aquele típico papel de vilão que é vilão pelo puro prazer de ser vilão, especialmente Grint, encarando outros ambulantes, comendo a fruta e depois jogando-as no chão quando não podem continuar o bullying. Os da minha idade talvez se lembrem de Bulk e Skull, das primeiras temporadas de Power Rangers. Não gostei muito dessa visão de imperiais. Outra coisa é que aparentemente Lothal faz parte dos planetas que foram anexados ao Império após a queda da República (como Tatooine), já que o vendedor fala que lembra como era antes da chegada do Império ao planeta e Aresko fala claramente como sendo de outro planeta ao chamar o vendedor de “escória de Lothal”.

Ezra salva o vendedor em um plano bem inteligente, mas pega dele mais frutas do que o vendedor está disposto a doar. Mas alguma coisa leva o jovem a seguir os imperiais. E temos Ezra tendo uma sensação, um sexto sentido que ele ainda não sabe o que é e que é pontuado por um pequeno tema sonoro. Isso o leva a observar Kanan, Zeb e Sabine, enquanto Kanan também percebe algo, mas não para o plano. Os rebeldes estão tentando roubar caixas dos imperiais e Ezra nem sequer sabe o que elas são, mas aproveita para se meter no meio e roubá-las, no que se torna uma perseguição de speeder bykes. A perseguição é boa e cheia de ação, num estilo de ação diferente do que vimos normalmente em The Clone Wars. Lá ela teria acabado rapidamente caso fossem apenas inimigos simples contra os Jedi. Aqui Kanan tem duas limitações: ele não pode usar abertamente suas habilidades e seu sabre-de-luz e não está tentando destruir Ezra, mas sim entender quem é o garoto.

Quando acabam os 7 minutos que já haviam sido revelados, Kanan reaparece com a Ghost para salvar Ezra de um TIE Fighter que ameaça matá-lo e vemos um senhor pulo do garoto. Ezra e Zeb começam a ter seus primeiros problemas, algo que deve permear a série. Enquanto isso, do lado de fora temos 4 TIE Fighters perseguindo a nave. Depois de seis temporadas de The Clone Wars, perseguições como esta são quase que lerdas, mas trazem de volta o espírito da TC. Não acho que era necessário recuperar isso, mas enfim. Quando a nave chega ao espaço, vemos a reação de uma criança de 14 anos que nunca foi ao espaço. Estamos tão acostumados com personagens que fazem isso como se estivessem indo para a padaria que a reação de Ezra é até risível, mas genuína e deve se conectar com as crianças que estão conhecendo Star Wars agora. E logo em seguida vemos o rosto de Sabine, a Mandalorian de 16 anos, pela primeira vez. Sabine deverá ser o interesse amoroso de Ezra, mas muito provavelmente não correspondido. A Ghost consegue fugir dos TIE entrando no hiperespaço, novamente algo que Ezra não conhece.

Em Lothal, o Comandante Aresko está reportando para o Agente Kallus, o principal vilão sem a Força da primeira temporada. Ele é parte do Bureau de Segurança Imperial, um braço do Império responsável por combater células rebeldes. Por uma questão de tempo, os rebeldes não podem deixar Ezra de volta na Cidade Capital, já que estão em uma missão em outro canto do planeta: Tarkintown (Cidade de Tarkin), um acampamento de refugiados que foram expulsos de suas terras pelo Grand Moff Tarkin, que é Governador da Orla Exterior.

Enquanto Ezra, Zeb e Sabine seguem com comida para Tarkintown, Kanan e Hera Syndulla, a Twi’lek piloto da Ghost, falam com o Jabba local, Cikatro Vizago, entregando as armas em troca de créditos e informações sobre escravos Wookiees sendo transportados para as minas de Kessel.

Mais tarde, quando Ezra está sozinho na nave, algo o chama para dentro. Fica claro pela trilha sonora que cada vez que a Força estiver agindo em Ezra, teremos um aviso sonoro, algo que dá um toque meio místico nela. Porém, houve algo em Ezra entrando no quarto de Kanan que estragou este início de cena: ele basicamente usa uma “chave de fenda” com o mesmo formato de um dos muitos braços do R2-D2 para entrar. Sempre achei que aquilo fosse uma maneira de transmissão de dados e não apenas uma ferramente mecânica.

Passado esse estranhamento, ouvimos o tema da Força quando o garoto encontra um holocron e logo em seguida um sabre-de-luz. Kanan e Hera chegam na hora em que ele está maravilhado com a arma, avisados por Chopper. Kanan pega o sabre-de-luz de volta após Ezra falar que sentia como se a arma o tivesse atraído, mas Ezra mantém o holocron. Enquanto Kanan passa a missão, aprendemos que os wookiees ajudaram tanto mandalorians quanto lasats.

Quando a Ghost encosta no transporte imperial, há uma piada interna para fãs hardcore da saga: Zeb é um lasat, raça criada a partir do conceito original de Ralph McQuarrie para Chewbacca, então ele literalmente é um wookiee sem pelos. Porém a invasão rapidamente se torna uma cilada, com a chegada de um Star Destroyer do Bureau de Segurança Imperial e invasão do Agente Kallus seguido de vários stormtroopers. E sobra para Ezra avisar Zeb, Kanan e Sabine. O lasat e o Jedi são os primeiros a serem encontrados pelo adolescente, justo na hora em que surgem stormtroopers de onde deveriam surgir wookiees. Nessa hora devo dizer duas coisas: a primeira é o estilingue de energia bizarro que Ezra usa e que é super-poderoso e a famosa incapacidade dos stormtroopers quando comparados aos clones de 15 anos antes.

A coisa fica difícil quando Zeb deixa Ezra para trás, para ser interrogado pelo Agente Kallus. Cheguei a ver alguns americanos achando que Kallus acreditou quando Ezra disse que o nome dele era Jabba, the Hutt, o que achei no mínimo bizarro. A incapacidade dos storms aparece de novo quando revistam o garoto e o deixam com o holocron. E o que se segue é uma das melhores cenas do episódio, com a gravação de Obi-Wan que nunca vimos no Episódio III.

“Esse é o Mestre Obi-Wan Kenobi. Eu sinto em reportar que ambas a nossa Ordem Jedi e a República caíram, com a sombra negra do Império surgindo para tomar seu lugar. Essa mensagem é um aviso e uma lembrança para qualquer Jedi sobrevivente: confie na Força.”

A votação na Ghost sobre voltar e salvar Ezra está empatada e Kanan deve decidir. Enquanto isso Ezra escapa sozinho fazendo dois storms de idiotas e consegue suas coisas de volta, além de um capacete de recruta imperial, que usa para desviar parte das tropas para um hangar diferente do que os rebeldes estão.

O reencontro é mais rápido do que o esperado e eles quase não tem trabalho para resgatar o garoto, que ainda tinha a informação que precisavam: os wookiees estavam sendo transferidos para as minas de especiarias de Kessel. Kessel é um planeta que foi mencionado pela primeira vez na novelização de A New Hope, lançada ainda em 1976 e nunca apareceu em nenhum meio do atual canon (leia-se filmes e The Clone Wars).

A utilização de wookiees logo no primeiro episódio é mais uma clara tentativa de trazer fãs antigos para a série, afinal, qual a raça alienígena favorita da maioria dos fãs? Não são kaminoans, com certeza. Novamente a ação toda até a aparente libertação dos wookiees é rápida e fácil, o que indica uma nova emboscada. E o pequeno wookiee fugindo para o lado errado está ali para que exista algo que os pequenos novos fãs se identifiquem.

Quando os rebeldes são emboscados, vemos mais uma prova de uma pequena equipe que já está bem treinada e azeitada, ao vermos a reação de Sabia ao ouvir 22 Pickup (Resgate 22) e só entendemos logo em seguida quando Kanan diz que agora vai deixar todo mundo saber do segredo em outra cena que dá arrepios no episódio: Kanan se levanta e remonta seu sabre-de-luz enquanto escuta do Agente imperial a ordem “Troopers, concentrem seu fogo no… no JEDI!”.

Aqui é válido notar algo: Kanan é 3 anos mais novo do que Ahsoka, então a conclusão é óbvia – ele era apenas um Padawan quando a Ordem 66 ocorreu. Porém, frente a inimigos que nunca lutaram com um Jedi, suas habilidades são mais do que suficiente. Inclusive levando em conta que quase não existem mais clones no exército imperial. Enquanto Ezra salva o wookiee, Kallus chega à conclusão que nem Ezra tinha chegado ainda: um mestre e um aprendiz.

Devo dar destaque ao humor negro da cena seguinte, onde o um stormtrooper pergunta para Kallus se Kanan era o primeiro Jedi que ele havia visto e o agente responde chutando o storm e o enviando para a morte certa. Aqui se decreta o fim da história do episódio, com os wookiees partindo e agradecendo Ezra.

Ao devolver Ezra para sua torre, Hera revela o plano de Kanan: “Ele abriu o holocron! Ele passou no teste!”. E aí ouvimos aquela sequencia que já ouvimos antes quando Ezra sente o Jedi atrás: “A Força está em todo lugar. Ela nos cerca e está dentro de nós. Ela mantém a galáxia unida.”, mas com uma adição, “E ela é forte em você, Ezra.” Corta para Kanan vendo o holocron.

“Esse é o Mestre Obi-Wan Kenobi. Eu sinto em reportar que ambas a nossa Ordem Jedi e a República caíram, com a sombra negra do Império surgindo para tomar seu lugar. Essa mensagem é um aviso e uma lembrança para qualquer Jedi sobrevivente: confie na Força. Não retorne para o Templo, essa época passou e nosso futuro é incerto. Nós seremos todos desafiados: nossa confiança, nossa fé, nossas amizades. Mas nós precisamos perseverar, e com o tempo, uma nova esperança surgirá. Que a Força esteja com vocês, sempre.”

As cenas de todos os tripulantes da Ghost são bonitas e a trilha sonora clássica ajuda muito, na melhor cena do episódio para aqueles que são saudosistas. Uma nova esperança surgirá. Para Kanan, essa esperança é Ezra, que surge logo em seguida, devolvendo o sabre-de-luz roubado.

A última cena apresenta o Inquisidor, membro do Império responsável exclusivamente por caçar Cavaleiros Jedi ainda vivos. Se ele será um bom vilão, só temos a esperar.

Conclusão: Irei roubar a frase de um colega aqui do site: é uma série simples, não insulta a nossa inteligência. Gostei! A série aparenta ser mais simples do que The Clone Wars, sem o excesso de politicagem e provavelmente sem tantos episódios desnecessários e focados em personagens que nem o público adulto nem o infantil se interessam (Padmé, estou olhando pra você). Tem a cara de TC que a gente gosta e fugiu de personagens com futuro definido, o que é uma enorme vantagem. Vamos para o próximo!

Nota: 7.5 de 10

CURTAS ANIMADOS DE REBELS

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.